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Por Patricia Moraes

Há quem insista em dizer que não existe a velha e a nova política. Há também aqueles que não sabem distinguir o que é novo de fato e o que é, na verdade, jogo de marketing bem ensaiado.

Às vezes é mesmo difícil. Mas a considerar a primeira semana legislativa em Brasília, é possível perceber que algo diferente tenta ganhar corpo.

Alguns deputados como Gilson Marques, eleito pelo Novo de Pomerode, abriram mão de motoristas, auxílio mudança, apartamento funcional e prometem contratar apenas a metade dos assessores que teriam à disposição.

É uma mudança de comportamento que tira o parlamentar do pedestal e o coloca no lugar de servidor. Claro que tem político de carteirinha que torce o nariz a cada tentativa de se instaurar uma nova realidade.

O Legislativo precisa sim ser forte, atuante e ter estrutura para trabalhar. A democracia exige e depende disso. Entretanto, uma população que enfrenta o desemprego, a precariedade da educação, a falta de atendimento público de saúde e a insegurança não pode bancar uma conta exorbitante e desnecessária.

Último levantamento do Congresso em Foco lista como benefícios de um deputado federal salário de R$ 33.763, auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar, R$ 33 mil de auxílio mudança, verba de R$ 101,9 mil para contratar até 25 funcionários, de R$ 30.788,66 a R$ 45.612,53 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo, escritório e divulgação do mandato, entre as principais despesas.

Não precisa ser muito crítico para perceber que tudo isso está fora da realidade da grande maioria absoluta dos brasileiros e cria um abismo entre os políticos e a sociedade ajudando a desmoralizar a prática política.

O que muitos deputados e senadores ainda não entenderam, mesmo após toda a reviravolta eleitoral de outubro passado, é que a sociedade passou a exigir representantes realmente próximos. Representantes que compreendam as necessidades da população, que queiram trabalhar em prol do país.

E não um grupo de engravatados desfrutando de um monte de privilégios, cercado por aspones, vivendo em uma ilha, cheia de viagens pagas com dinheiro do contribuinte, vinhos importados, charutos, festinhas e troca de favores.

Quem ainda não entendeu a mudança de atitude cobrada pelo eleitor será cedo ou tarde engolido por mais um tsunami. Não depois não adianta se dizer surpreso.